
Depoimentos

Mirella Oliveira
"A presença feminina na medicina intensiva brasileira tem crescido de forma notável nas últimas décadas. Hoje, muitas mulheres ocupam posições de liderança em UTIs, coordenação de equipes multiprofissionais e pesquisa científica, contribuindo para uma abordagem mais humanizada e colaborativa do cuidado intensivo. Esse avanço representa uma conquista significativa em um campo historicamente dominado por homens, evidenciando a competência e resiliência das intensivistas brasileiras.
Entretanto, os desafios permanecem. As longas jornadas, a alta demanda emocional e as desigualdades de gênero — incluindo menores oportunidades de ascensão e desequilíbrio entre vida profissional e pessoal — ainda impactam a trajetória dessas profissionais. Superar esses obstáculos requer políticas institucionais de equidade, valorização da liderança feminina e apoio à conciliação entre carreira e vida familiar.
O fortalecimento da presença das mulheres como intensivistas não apenas promove justiça de gênero, mas também enriquece a medicina intensiva com perspectivas diversas, empáticas e inovadoras.
A Rede Brasileira de Mulheres Intensivistas tem sido um marco importante na valorização e visibilidade da atuação feminina nas Unidades de Terapia Intensiva do país. Por meio do fortalecimento da representatividade, da troca de experiências e do apoio mútuo, a Rede promove um ambiente de colaboração e incentivo à liderança das mulheres na medicina intensiva.
A atuação da Rede reafirma o compromisso com a equidade de gênero, a valorização profissional e o desenvolvimento contínuo das mulheres que dedicam suas vidas ao cuidado intensivo, transformando desafios em oportunidades e inspirando novas gerações de intensivistas."

Viviane Veiga
"A Demografia Médica publicada em 2025 mostrou que, pela primeira vez, as mulheres já são maioria entre os médicos formados no nosso país. Quando olhamos para a nossa especialidade, a terapia intensiva, vemos que as mulheres sempre tiveram um papel muito importante.
Na própria AMIB, tivemos a doutora Marisa como primeira presidente, na gestão de 1981-1982, um grande marco. E hoje já contamos com quatro presidentes mulheres: doutoras Marisa, Mirela, Susana e, agora, Patrícia — todas muito bem representando a nossa especialidade.
Na Sociedade Paulista de Terapia Intensiva também observamos uma forte presença feminina, com várias mulheres ocupando cargos de destaque nas diretorias e na presidência.
Os dados mostram um crescimento expressivo da participação feminina na terapia intensiva. Quando comparamos a Demografia Médica de 2023 com a de 2025, o número de especialistas mulheres passou de 33,5% para 47,9%.
A Rede Brasileira de Mulheres Intensivistas nasce justamente desse impulso de fortalecer as mulheres que vivem a terapia intensiva, com competência, liderança, empatia e um propósito coletivo de conexão e apoio mútuo.
Hoje, com quase 600 mulheres participando da rede, vemos a força das profissionais que fazem a diferença na especialidade. A ReBraMI é um espaço em constante crescimento, uma comunidade que dá visibilidade às mulheres dentro da terapia intensiva — um ambiente desafiador, mas repleto de oportunidades. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história."

Daniere Yurie Vieira Tomotani
"Infelizmente, ainda vivenciamos uma terapia intensiva em que a equidade de gênero em cargos de liderança, na pesquisa e nas publicações científicas está longe de ser alcançada. Além disso, situações de assédio e discriminação de gênero muitas vezes são minimizadas ou invalidadas, tornando o ambiente de trabalho inseguro para as mulheres. Soma-se a isso o desafio constante de equilibrar maternidade e vida profissional — uma realidade que impõe barreiras invisíveis, mas profundas.
Para que a cultura da mudança aconteça, é preciso reconhecer o desconforto, abrir os olhos para a realidade e admitir que esses problemas existem e persistem. A ReBraMI nasceu para provocar essa reflexão, sem medo de gerar incômodo, e para plantar a semente da transformação.
A verdadeira equidade de gênero só será possível quando todos — mulheres, homens e pessoas de todos os gêneros — se unirem e se enxergarem como iguais, compartilhando responsabilidades, espaços e oportunidades. "

Livia Biason
"Participar da Rede Brasileira de Mulheres Intensivistas é um privilégio. Esta iniciativa representa um movimento essencial para transformar a realidade da medicina intensiva no Brasil que, apesar de contar com profissionais mulheres altamente qualificadas, ainda reflete desigualdades significativas de gênero.
A ReBraMi surge como resposta urgente a essa realidade com espaço para discussão das barreiras, muitas vezes invisíveis, que limitam a participação de mulheres no ambiente da terapia intensiva buscando encontrar soluções coletivas, promover ciência de qualidade para lacunas importantes no conhecimento científico relacionados às diferenças de gênero.
Acredito que a rede será fundamental para construir uma medicina intensiva mais equitativa e representativa e irá reescrever a narrativa da medicina intensiva brasileira, garantindo que a excelência não tenha gênero, mas que as oportunidades sejam verdadeiramente iguais para todos."

Márcia Freitas
"Somos mulheres que transformam a terapia intensiva — com ciência, sensibilidade e coragem.
A ReBraMI é um movimento vivo, feito por mulheres que lideram, cuidam, pesquisam, ensinam e inovam dentro das UTIs do Brasil.
Somos multiprofissionais. Somos diversas. E temos um ponto em comum: a vontade de mudar a cultura da terapia intensiva e abrir caminhos para quem vem depois.
Aqui, a força é coletiva.
A escuta é ativa.
E o protagonismo é de todas.
Se você acredita em um ambiente mais justo, inclusivo e inspirador —
a ReBraMI é o seu lugar.
Vamos juntas construir uma terapia intensiva com mais voz, mais espaço e mais mulheres à frente da mudança."